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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pai, onde o senhor está?

Sai para almoçar um pouco depois do horário de costume. Só então que lembrei que não havia trazido nada para comer.

Dei uma volta. Conversei no MSN. Cumprimentei alguns colegas de trabalho. Tudo muito superficial.

Durante esse tempo, poucos minutos, nem quinze se duvidar, fui invadido pelo mesmo sentimento que dormiu comigo.

Ontem a noite quando cheguei em casa fui direto para a cama. Não estava bem, estava triste, cansado, magoado. Cheguei a escrever isso no meu MSN. A tristeza era por causa de uma decepção com uma amiga. Amiga mesmo, aquela que convive com você, sabe seu jeito, reconhece seu perfume, ri e chora com você. não quero me aprofundar na questão, mas cabe aqui o meu desabafo. Fiquei chateado, magoado e isso só o tempo poderá curar. Estamos nos falando normalmente, mas dentro de mim há muita dor. Reconheço que foi algo pequeno que aconteceu, mas devido as circunstâncias, até mesmo as coisas pequenas me abalam.

Deitei, tentei dormir mas não consegui.

Um pensamento me veio a mente: “onde está o meu pai?”

Não sei.

Queria muito saber. De verdade. Sinto sua falta. As vezes sinto até mesmo o seu cheiro, mas ele não está aqui. Já esteve, a muitos anos atrás, mas eu era tão pequeno e inocente que não soube desfrutar sua presença (preciso me controlar para não chorar, estou no trabalho, isso é complicado).

Rios de lágrimas fluíram em meu travesseiro. Coitadinho, ele sempre ali do meu lado, ou melhor, ele sempre ali apoiando minha cabeça para eu chorar. Isso me faz lembrar meu pai novamente. Sempre que saíamos juntos (essas são as poucas lembranças boas que tenho dele) saíamos lado a lado, mas ele nunca pegava na minha mão, mas colocava a sua sobre a minha cabeça. Achava tão carinhoso isso, meu pai ali, sustentando a minha cabeça.

Desculpa se estou escrevendo bobagens, mas esse blog é pessoal e destinado as (f)utilidades da minha vida.

Comecei a conjecturar.

Se ele estivesse aqui, moraríamos na mesma casa?

Se ele estivesse aqui, eu estaria ainda na faculdade ou já formado a mais de três anos?

Se ele estivesse aqui, eu seria quem sou hoje?

Não sei, pois ele não está aqui.

Minha mãe sempre esteve presente. Cuidando, provendo, se desdobrando de todas as formas, mas sempre presente.

Mas, mãe é diferente.

Eu queria o calor do colo do meu pai. Ouvir sua voz. Sentir novamente seu cheiro tão peculiar. Sentir sua barba no meu rosto, era tão bom isso.

Quando eu era adolescente, não me revoltei pela sua ausência, ao contrário, ansiava sua presença. Nem hoje já adulto me revolto, mas continuo o querendo.

A última vez que o vi foi tão rápido, nem conversamos direito. Faz muitos anos isso. Muitos mesmo, nem sei quantos.

Já pensei em escrever um livro de crônicas falando das relações entre pai e filho, mas com que respaldo? O da observação?

Desisti.

Alguém essa semana me perguntou: “Você não quer ter um filho?” Eu respondi: “Eu não engravido, estou tentando, mas ainda não consegui”.

Nunca pensei nessa possibilidade de ser pai. Não sei se algum dia o serei. Talvez adote uma criança quanto estiver em uma relação estável. Mas tenho medo de repetir as atitudes que julguei inadequadas em minha criação. Quando fazia terapia essas questões não estavam presentes ainda.

Acho que preciso voltar à terapia.

Ou melhor.

Acho que preciso encontrar meu pai.

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